domingo, 10 de maio de 2015

MAIS UMA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA - CONTRA PROFESSOR

Membros de grupo radical são condenados por cortar mão de professor. 

Crime aconteceu quatro meses depois de docente aplicar prova com questão que citava um personagem chamado Maomé

Professor universitário TJ Joseph teve a mão direita decepada por grupo islâmico radical na Índia - Reprodução

 Dez pessoas pertencentes a um grupo islâmico radical foram condenadas, na sexta-feira, a oito anos de prisão por um tribunal especial da Agência Nacional de Investigação da Índia por decepar a mão de um professor universitário no estado de Kerala, em 2010. Ao cometer o crime, os membros da Frente Popular da Índia acusaram o educador de blasfêmia contra o profeta Maomé. De acordo com os agressores, o mestre feriu a doutrina religiosa em um teste que passou à turma.

Mais três acusados foram condenados a dois anos de prisão, e os 13 criminosos terão que pagar uma multa de cerca de R$ 37 mil cada um. A quantia será enviada como indenização para a vítima, o professor TJ Joseph, da Newman College, na cidade de Thodupuzha.
O pedagogo estava indo de uma missa numa igreja católica para sua casa, em 4 de julho de 2010, com sua irmã e sua mãe, quando seu carro foi atacado.

“Como o carro estava trancado por dentro, eles quebraram o vidro da janela e me puxaram para fora. Os agressores feriram meu corpo todo e cortaram minha mão direita”, contou a vítima.

Após o ataque, o docente foi levado ao hospital, onde os médicos conseguiram reimplantar a mão de Joseph, após diversas cirurgias.
A quadrilha alegou estar buscando vingança por insultos contra o Profeta Maomé contidos em uma prova aplicada pelo professor quatro meses antes. Em um item de um teste do curso de Bacharel em Comércio, Joseph transcreveu um trecho de um filme em língua malaiala para que seus estudantes pontuassem corretamente.

Supostamente retirada de um livro de línguas que citava o filme “Garshom”, de 1999, a questão trazia uma conversa entre um personagem chamado Muhammed (Maomé, na tradução em português) e Deus. No diálogo, Deus xingava o personagem de “filho da puta” e de “cachorro”, segundo a tradução das agências internacionais.

Joseph disse que escolheu esse nome para o personagem para homenagear o diretor do longa citado, P. T. Kunju Muhammed, e não se tocou de que as pessoas poderiam associar o nome tão comum profeta muçulmano. Um jornal local, no entanto, fez uma reportagem sobre a prova aplicada pelo professor e levantou questionamentos sobre blasfêmia. O caso, então, se tornou popular e provocou a ira de grupos extremistas.
“Eu nomeei o personagem muito casualmente e não imaginava que as pessoas iriam associá-lo a quaisquer sentimentos religiosos. Eu nunca imaginei que isso geraria controvérsias”, defendeu-se Joseph.

A polícia chegou a prender o professor por “ultrajar sentimentos religiosos”, embora, mais tarde, ele tenha sido absolvido de todas as acusações. As ameaças de morte começaram logo após sua soltura. Joseph conta que escapou de três outros ataques antes de ser realmente pego.

A direção do Newman College suspendeu-o do trabalho. O docente só foi convocado de volta ao trabalho em novembro de 2013 e sua esposa se suicidou meses depois, enquanto procurava tratamento para estresse e depressão.

O tribunal, que começou a julgamento em julho de 2013, examinou depoimentos de mais de 300 testemunhas de acusação, quatro testemunhas de defesa, mais de 950 documentos de acusação, cerca de 30 documentos de defesa, e mais de 200 objetos. Trinta e sete pessoas foram indiciadas no caso.


Fonte: O globo

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